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Inteligência Fluida e Inteligência Cristalizada

Definir inteligência não é tarefa simples e diferentes têm sido as abordagens quanto a isso. Existem teorias opostas quanto ao que seja a inteligência. Quando pensamento em testes de inteligência, cada um deles está baseado em um conceito de inteligência.

Um psicólogo inglês chamado Charles Spearman desenvolveu uma teoria da inteligência geral. Isto quer dizer que toda atividade mental intelectual envolveria somente uma capacidade. Ele chamou essa capacidade única de fator g.

Já o psicólogo Louis Leon Thurstone discordava de Spearman e desenvolveu uma teoria da inteligência que postulava que haviam diversos fatores independentes na composição da inteligência. Ou seja, haveriam várias habilidades mentais que compõem a inteligência intelectual e não apenas uma capacidade geral.

Depois deles, surgiram teorias chamadas teorias hierárquicas da inteligência. Estas teorias concordam que há diferentes habilidades cognitivas como defendeu Thurstone, mas que elas estão organizadas de modo hierárquico e há um fator dominante que seria tal como defendeu Spearman. Ou seja, teorias hierárquicas da inteligência integram as teorias de Spearman e Thurstone. Um dos autores que desenvolveu este tipo de teoria foi o psicólogo Raymond Cattell que construiu um modelo multidimensional da inteligência.

Cattell foi muito importante porque ele diferenciou dois tipos de inteligência: a fluida e a cristalizada.

A inteligência fluída se refere à habilidade de raciocinar em situações novas e a habilidade em resolver problemas novos. É a habilidade de adaptação às situações novas que exigem autonomia intelectual. Testes de inteligência pautados neste em inteligência fluida se ocupam de mensurar o potencial para a aprendizagem. Comumente são testes do tipo não-verbais.

A inteligência cristalizada são as habilidades cognitivas influenciadas por cultura, escolarização e linguagem. Ela se refere à habilidade em aplicar definições, métodos e procedimentos já aprendidos para lidar com situações problema (por isso a influência de cultura, escola e linguagem). Testes de inteligência pautados neste tipo de inteligência se ocupam de mensurar o resultado final da aprendizagem. Comumente são testes do tipo verbais.

Importante sabermos que as concepções atuais entendem que a inteligência se manifesta de diferentes formas na interação com o contexto cultural. Exemplo deste tipo de teoria é a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner, popular no meio das altas habilidades/superdotação no Brasil [vide aba Inteligências Múltiplas].

Estas teorias atuais defendem concepções de inteligência que consideram a conexão entre fatores cognitivos, personalidade, contexto, componentes da inteligência emocional, aspectos motivacionais, dentre outros.

Quociente Intelectual

O famoso QI, quociente intelectual, é, em verdade, uma medida, tal qual o metro ou o quilo. Contudo, o QI não é uma medida exata e imutável. Isto porque pensemos a inteligência como um conjunto de elementos que é como se estivessem numa competição para ter o melhor desempenho em uma tarefa.

 

Numa pista de atletismo, por exemplo, vemos vários corredores que, dada a largada, começam a correr. Com o passar do tempo, vemos que eles gradualmente se diferenciam no desempenho desta tarefa. Uns ficam mais à frente, outros mais atrás, um chega primeiro, outro chega por último, pode haver empates... Certo que numa corrida tudo isso se passa em segundos, mas imaginemos a inteligência como uma corrida que está sempre a acontecer e o desempenho dos corredores (os processos psicológicos) varia conforme diversos fatores. O QI é uma média do desempenho de todos estes “corredores”. Para ler mais sobre, veja o texto "A Inteligência Intelectual nas Altas Habilidades/Superdotação: uma problematização à educação", na aba Textos - Outros Temas nas AH/SD.

Testes de Inteligência

Algumas informações são importantes de sabermos sobre os testes de inteligência ou de outros processos psicológicos específicos como atenção, memória, cognição, etc.

1. Os testes de inteligência são sempre psicométricos, ou seja, são feitos para medir algum processo psicológico ou uma média retirada de um conjunto deles.

2. Os resultados dos testes não são uma medida exata da realidade, mas a mais próxima possível daquele processo ou do conjunto deles.

3. A medida não é exata porque processos psicológicos não funcionam sempre da mesma maneira em todos os momentos da vida. Diversos são os fatores que influenciam o seu funcionamento, inclusive o momento da aplicação do teste.

4. Alguns fatores durante a aplicação que podem prejudicar os resultados de um teste de inteligência são: cansaço, ansiedade, preocupações, dor física, fome, sede, sono, falta de empatia e acolhimento do profissional da Psicologia, sala de aplicação inadequada, baixa autoestima, autoconceito negativo, dentre outros.

5. Cada teste tem instruções muito específicas de aplicação e correção. O profissional precisa ter amplo domínio do teste com o qual trabalha para que o instrumento seja efetivo.

6. Nenhum teste é um instrumento que, como mágica, oferece resultados. Por trás de um teste tem sempre um profissional que é quem vai, sempre, tomar as decisões.

7. Todo teste tem prazo de validade. Vencido o prazo, é preciso refazer os estudos de validade e compor uma nova versão adequada à realidade daquele público.

8. Para conferir quais testes um profissional da Psicologia utiliza, é só visitar o Satepsi: http://satepsi.cfp.org.br/lista_teste_completa.cfm

Afinal, qual teste se usa para avaliar o QI de pessoas com AH/SD? Cabe ao profissional escolher o melhor instrumento disponível.

 

A Psicologia tem um amplo rol de testes para avaliar processos psicológicos. Vejamos alguns deles por ordem de idade:

Teste não-verbal de Inteligência – SON-R (2 e meio a 7 anos)

Figuras Complexas de Rey (4 a 7 anos)

 

Escala de Maturidade Mental Colúmbia (3 a 10 anos)

 

R-2 Teste não-verbal de Inteligência para Crianças (5 a 12 anos)

 

Teste não-verbal de Raciocínio para Crianças (5 a 14 anos)

 

Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (5 a 11 anos)

 

Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção (6 a 82 anos)

 

Teste Winconsin de Classificação de Cartas (6 e meio a 89 anos)

 

Teste de inteligência não-verbal (6 a 10 anos)

 

Escala de Inteligência Weschler para Crianças – WISC-IV (6 a 16 anos)

Escala de Inteligência Weschler Abreviada – WASI (6 a 89 anos)

Teste de Inteligência Geral não-verbal (10 a 79 anos)

Bateria de Provas de Raciocínio (7º a 9º ano do Ensino Fundamental e 1º a 3º anos do ensino

médio)

Escala Geral (10 a 69 anos)

 

Bateria Geral de Funções Mentais – Teste de Memória de Reconhecimento (15 a 89 anos)

Bateria Geral de Funções Mentais – Teste de Atenção Concentrada (15 a 89 anos)

 

Bateria Geral de Funções Mentais – Teste de Atenção Difusa (15 a 89 anos)

Bateria TSP (16 a 50 anos)

 

Matrizes Progressivas de Raven (17 a 52 anos)

 

R-1 Teste não-verbal de inteligência (16 a 67 anos)

 

Teste AC (atenção concentrada) (17 a 64 anos)

 

Escala de Atenção Seletiva Visual (18 a 70 anos)

 

Matrizes Avançadas de Raven (18 a 63 anos)

G-36 Teste não-verbal de inteligência (18 a 66 anos)

Teste de Inteligência (18 a 67 anos)

Obs. Os testes aqui citados estão válidos neste momento (2020).

Referências

Fonte das imagens: www.google.com

 

LAROS, Jacob Arie; JESUS, Girene R.; KARINO, Camila Akemi. Validação Brasileira do Teste Não-Verbal de Inteligência SON-R 21/2-7. Avaliação Psicológica, v.12, n.2, p.233-242, 2013. Disponível em:

PRIETO, Dolores; FERRÁNDIZ, Carmen; FERRANDO, Mercedes; BERMEJO, Maria Rosa. La Bateria Aurora: una nueva evaluación de la inteligencia exitosa. Revista Educación, n.368, p.118-143, 2015. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/02783199009553265

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O que é o tão popular QI (quociente intelectual)?

Sabemos que as pessoas com altas habilidades/superdotação possuem QI acima da média.

Mas, afinal, o que isso quer dizer? Vamos começar compreendendo o que é a inteligência intelectual.

O QUE É INTELIGÊNCIA INTELECTUAL

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