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O QUE É ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Existem diferentes definições do que seja as altas habilidades/superdotação. Esta página mostra algumas delas. Começo pela denominação oficial no Brasil e, depois, passo a algumas autoras e autores.

As referências estarão ao final do texto. Vamos lá! 

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ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, ser uma pessoa com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) quer dizer quem demonstra potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também que apresenta elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. Esta definição é dada pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, de 2008. 

Além disso, pessoas com Altas Habilidades/Superdotação são público alvo da Educação Especial, conforme o Decreto n.7.611, de 17 de novembro de 2011.

Altas Habilidades/Superdotação são termos sinônimos, isto é, querem dizer a mesma coisa. É a mesma coisa dizer que uma pessoa tem altas habilidades ou que é superdotada. Ambas as formas estão corretas. A separação com uma barra (/) entre os dois termos indica que têm o mesmo significado. Assim, é correto usar a barra ou também se pode dizer: altas habilidades ou superdotação. A palavra “ou” também indica que os dois termos são equivalentes. A legislação brasileira utiliza a barra ou a palavra “ou” para separar os termos.

É, portanto, incorreto utilizar 'altas habilidades e superdotação' porque a palavra “e” indica que cada um dos termos é diferente um do outro.

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A SUPERDOTAÇÃO PARA LEWIS TERMAN

Em 1926, Terman afirmou que:

Pessoas superdotadas são as que possuem QI superior (TÜRKMAN, 2020). Ele dividiu em pessoas moderadamente, excepcionalmente e profundamente superdotadas conforme a medida do QI [Tradução: Patricia Neumann).

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A SUPERDOTAÇÃO PARA SIDNEY P. MARLAND

Em 1972, Marland definiu que:

Crianças superdotadas e talentosas são aquelas identificadas por  pessoas qualificadas profissionalmente. São crianças que possuem habilidades excepcionais e são capazes de elevada performance. São crianças que necessitam de programas educacionais diferenciados e/ou serviços para além daqueles normalmente oferecidos pela escola regular para realizar seu potencial para si mesmas e para a sociedade. As crianças de uma elevada performance são as que que demonstram realização e/ou potencial habilidade em qualquer uma dessas áreas, seja uma delas ou mais de uma:  1. habilidade intelectual geral; 2. habilidade acadêmica específica; 3. pensamento produtivo e criativo, 4. habilidade de liderança, 5. artes performáticas e visuais e 6. habilidade psicomotora (TÜRKMAN, 2020) [Tradução: Patricia Neumann).

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A SUPERDOTAÇÃO PARA ABRAHAM TANNEMBAUM

Nos anos 1980, Tannembaum conceituou:

Superdotação como uma habilidade para performar ou produzir trabalho que melhore a vida da humanidade quanto aos aspectos moral, físico, emocional, social, intelectual e estético. Os componentes da superdotação incluem cinco fatores: habilidade geral, aptidão específica, fatores não-intelectuais, meio social e acaso. Muitas pessoas superdotadas não chegam a realizar o seu potencial totalmente e, para Tannembaum, crianças e adolescentes podem ser considerados somente potencialmente superdotados. A verdadeira superdotação pode ser apenas encontrada em adultos que são criticamente aclamados como executores ou exemplares produtores de ideias (TÜRKMAN, 2020) [Tradução: Patricia Neumann).

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A SUPERDOTAÇÃO PARA LINDA SILVERMAN

Em 1991, um grupo de cientistas, o Columbus Group,  baseados em Leta Hollingworth, Lev Vygotsky, Kazimierz Dąbrowski, Jean-Charles Terrassier e Annemarie Roeper construíram um conceito de superdotação com base na assincronia:

"Superdotação é um desenvolvimento assincrônico no qual habilidades cognitivas avançadas e intensidade aumentada se combinam para criar experiências internas e consciência que são qualitativamente diferentes do padrão. Esta assincronia aumenta conforme a capacidade intelectual. A singularidade das pessoas superdotadas as tornam particularmente vulneráveis e requer modificações na parentalidade, na educação e no atendimento para que se desenvolvam otimamente" (SILVERMAN, 2010). [Tradução: Patricia Neumann]

 

 

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A SUPERDOTAÇÃO PARA JOSEPH RENZULLI

Joseph compreende a superdotação como um fenômeno que se mostra através da interação entre três grupamentos básicos de traços, sendo eles as capacidades gerais acima da média, os elevados níveis de comprometimento com a tarefa e os elevados níveis de criatividade. Os três grupos de traços são dinâmicos, ou seja, têm propriedades de movimento, interação, mudança e energia contínuas. Os três anéis não são, em absoluto, um estado fixo e estático. Eles estão em constante interrelação e transformação.  A pessoas superdotadas e talentosas são aquelas que possuem ou são capazes de desenvolver este conjunto de traços e aplicá-los a qualquer área potencialmente valorizada do desempenho humano (RENZULLI, 2004).

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A SUPERDOTAÇÃO PARA YOLANDA BENITO

Em 1999, Yolanda Benito chamou de superdotada a pessoa que:

Possui uma  capacidade intelectual superior à média (a nível psicométrico acima de 130) observando-se diferenças cognitivas tanto em nível quantitativo quanto qualitativo, maior maturidade nos procedimentos de informação (percepção e memória visual), desenvolvimento da capacidade metacognitiva em idade inicial (aproximadamente aos seis anos) e insight na resolução de problemas, elevado talento criativo, motivação intrínseca pela aprendizagem, precocidade e talento. Com relação ao talento, é a capacidade de um rendimento superior em qualquer área da conduta humana (BENITO apud BRAVO, BRAVO e ARRELLANO, 2007). [Tradução: Patricia Neumann]. 

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A SUPERDOTAÇÃO PARA STEVEN PFEIFFER

Para Steven, criador do Modelo Tripartido, crianças superdotadas são as que:

[...] apresentam maior probabilidade, em comparação com outras de sua mesma idade, experiência e oportunidades, de alcançar êxitos extraordinários em uma ou mais áreas que são valorizadas culturalmente (PFEIFFER, 2015, p. 67) [tradução: Patricia Neumann].

 

Uma segunda definição mais específica da superdotação acadêmica:

 

Estudantes superdotados acadêmicos mostram um rendimento excepcional ou evidências de potencial para um rendimento acadêmico sobressalente em comparação com outros estudantes de sua mesma idade, experiência e oportunidades... têm uma sede por se sobressair em uma ou mais áreas de competência acadêmica...os estudantes superdotados acadêmicos são suscetíveis de se beneficiar de programas especiais de educação ou recursos, principalmente se tiverem a ver com seu perfil único de habilidades e interesses (PFEIFFER, 2015, p. 68) [tradução: Patricia Neumann].

Esta definição é voltada a crianças e adolescentes que frequentam o meio escolar.

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A SUPERDOTAÇÃO PARA RENA SUBOTNIK,

PAULA OLSZEWSKI-KUBILIUS e FRANK WORRELL

Rena, Paula e Frank desenvolveram a seguinte definição de superdotação:

A superdotação é a manifestação da performance que se encontra claramente no extremo superior da distribuição em uma área de talento específico, inclusive na relação com outros indivíduos com alto nível de funcionamento nessa área. Além disso, a superdotação pode ser vista como um processo de desenvolvimento no qual, nas primeiras etapas, o potencial é o elemento variável. Nas etapas posteriores, a performance é a medida da superdotação. Nos talentos completamente desenvolvidos, a excelência é a base na qual ela se afirma. As variáveis psicossociais têm um papel essencial na manifestação da superdotação em qualquer uma das fases do desenvolvimento. Ambas as variáveis cognitivas e psicossociais são maleáveis e necessitam ser cultivadas deliberadamente (SUBOTNIK; OLSZEWSKI-KUBILIUS e WORRELL, 2011, p.5) [tradução: Patricia Neumann].

Rena, Paula e Frank defendem que há uma necessidade de que todas e todos os estudantes (inclusive os superdotados) tenham um adequado nível de desafio na escola e que é preciso haver uma programação educativa, formação e apoio apropriados para o desenvolvimento com excelência dos talentos e habilidades. Eles também defendem os seguintes princípios:

  1. As habilidades são importantes, especialmente as habilidades específicas dentro de cada área.

  2. As áreas de talentos diferem nas trajetórias do desenvolvimento que começam em diferentes idades.

  3. É preciso oferecer oportunidades, as quais devem ser aproveitadas.

  4. As variáveis psicossociais são determinantes no desenvolvimento eficaz dos talentos.

  5. A preparação para a excelência é o que a educação deve aspirar às superdotadas(os).

 

Potencial, Performance e Excelência

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Rena, Paula e Frank criaram um modelo para o desenvolvimento dos talentos que tem três fases. A primeira fase inicia com o potencial a ser desenvolvido, as habilidades em seu início. A próxima fase é o desenvolvimento do pico da performance que é onde se juntam competência e expertise. Por fim, vem a fase da excelência.

Ou seja, qualquer talento tem uma trajetória a ser percorrida que passa da transformação do potencial em competência, a competência em perícia e a perícia em excelência. Para isso, desenvolver habilidades psicossociais é fundamental. Sem elas, o talento não se expressa nem se desenvolve como poderia. Por exemplo, dentre muitas habilidades psicossociais, é preciso aprender persistir perante um desafio ou dificuldade, desenvolver determinação e autocontrole, adotar uma mentalidade de crescimento, aprender a diferenciar a recompensa, a autorregular as emoções, aumentar a capacidade de enfrentar a competição e os fracassos e desenvolver abertura às críticas (Ibid, 2011) [tradução: Patricia Neumann]..

Para o desenvolvimento da superdotação existem variáveis limitadoras e potencializadoras. Dentro dos fatores limitadores estão os psicossociais: baixa motivação, estilo de pensamento improdutivo (pensamentos negativos), baixo nível de resistência psíquica e habilidades sociais pobres. Fatores externos e aleatórios são acesso tardio ao conhecimento e discrepância entre interesses e oportunidades. Já dentro dos fatores potencializadores estão os psicossociais: elevada motivação, oportunidades, estilo de pensamento produtivo, alto nível de resistência psíquica e habilidades sociais bem desenvolvidas. Os fatores externos e aleatório incluem oportunidades dentro e fora da escola, recursos financeiros e capital social e cultural (Ibid, 2011) [tradução: Patricia Neumann]..

O processo de transformar o potencial em uma competência começa na primeira infância e pode se estender até a idade do ensino fundamental e médio, dependendo da área de talento. Com o tempo, as pessoas superdotadas devem assumir cada vez mais a responsabilidade por seu próprio desenvolvimento. O principal objetivo de chegar ao nível de excelência dos talentos é a ruptura com as limitações de um conhecimento determinado e o desenvolvimento de uma visão pessoal distinta dos outros ou um nicho criativo único. Esta saída do coletivo pode significar uma maior confiança na intuição, desenvolvida como resultado de uma profunda imersão em uma área e a orientação de mentores (que podem ser pais e professores) quanto a valores e gostos relacionados com a geração do trabalho criativo. Ao mesmo tempo, desafiar as normas estabelecidas ou verdades de uma área pode ser desalentador psicologicamente. Não só se corre o risco de perder amigos e colegas, mas não se tem certeza alguma de que novas ideias funcionarão como o previsto (Ibid, 2011) [tradução: Patricia Neumann]..

Por fim, as pessoas talentosas devem transmitir confiança em suas ações para inspirar confiança nos outros. Também devem manejar habilmente a autocrítica e a crítica dos outros, seja ela construtiva ou destrutiva. Aqueles que buscam chegar à excelência canalizam sabedoria, investem em habilidades sociais, sabem escutar pessoas que possuem algum conhecimento e/ou experiência e confiam em sua intuição para gerar novas e melhores ideias (Ibid, 2011) [tradução: Patricia Neumann].

Para ler e/ou baixar o modelo de desenvolvimento de talentos, clique aqui.

Referências

 

BRAVO, Juan Rafael Hernández; BRAVO, José Antonio Hernández; ARRELLANO, Miguel Ángel Milán. La creatividad asociada al talento Musical en alumnos superdotados: respuestas educativas. Ensayos, v.22, pp. 83-97, 2007. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/metricas/documento/ARTREV/2591548

Decreto n.7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providência. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2011/decreto-7611-17-novembro-2011-611788-publicacaooriginal-134270-pe.html

Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Disponíve em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf

 

PFEIFFER, Steven I. El Modelo Tripartito sobre la alta capacidad y las mejores prácticas en la evaluación de los más capaces. Revista de Educación, ano 2015, n.368, p.66-95, 2015. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/ejemplar/393122

RENZULLI, Joseph. O Que é Esta Coisa Chamada Superdotação e Como a Desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Educação, v. XXVII, n. 52, 2004, pp. 75-131. Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/Home/Extensao/papah/o-que-e-esta-coisa-chamada-superdotacao.pdf

 

SILVERMAN, Linda K. Asynchrony. In: KERR, B.; WELLS, B. (Eds.), The encyclopedia of giftedness, creativity and talent. Thousand Oaks: Sage Publications, 2010, pp. 67-70.

SUBOTNIK, Rena F.; OLSZEWSKI-KUBILIUS, Paula; WORRELL, Frank C. Re-pensando las altas capacidades: una aproximación evolutiva. Revista de Educación, n.368, p.40-65, 2015. Disponível em: http://www.educacionyfp.gob.es/dam/jcr:b889d4a3-754d-449d-9d7c-a23968f5ef11/re-pensando-las-altas-capacidades-pdf.pdf

SUBOTNIK, Rena F.; OLSZEWSKI-KUBILIUS, Paula; WORRELL, Frank C. Rethinking Giftedness and Gifted Education: A Proposed Direction Forward Based on Psychological Science. Psychological Science, v.1, n.12, p.3-54, 2011. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1529100611418056

TÜRKMAN, Burak. The Evolution of The Term of Giftedness and Theories to Explain Gifted Characteristics. Journal of Gifted Education and Creativity, v.7, n.1, pp. 21-29, 2020.

Fonte das imagens: www.google.com

Obs. As traduções foram feitas por Patricia Neumann e qualquer citação deve fazer referência ao texto original dos autores.

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Para ler e/ou baixar o modelo de desenvolvimento de talentos, clique no pdf ao lado

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